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Ensinamentos do SenSei Miyagi

Por Rafael Arcanjo | Em 01.09.07 | Categorias: Inutilidades, Tecnologia

Fui chamado à Direção da Empresa onde trabalho hoje. A nossa rede estaria sendo invadida por vírus. Vocês precisavam ver a minha cara de espanto. Como ? Investimos em produtos anti-virus, temos uma política razoavelmente apertada contra brechas de segurança, eu estou super antenado. Como isso pode acontecer sem eu saber ? Eles me disseram que o Usuário Mentecapto Metido a Entender de Redes Distribuídas Algures 1, que de agora em diante foi chamar pela sigla de UMMERDA1, disse que todo dia, quando ele voltava do almoço, o computador avisava da existência de vírus e pedia para rebootar; e que o UMMERDA2 disse recebeu 3 emails contendo arquivos infectados por vírus no seu correio eletrônico.

Sai da reunião pedindo um tempo para apurar. Espero por UMMERDA1 voltar da rua, e peço para me contar o que exatamento foi mostrado para ele no computador. Um vírus – respondeu ele. Eu tentei puxar mais assunto – Como assim um vírus ? Você viu o retratinho do vírus ou leu a plavra de 5 letras V.I.R.U.S. ? Então a conversa começa a mudar de foco. Não, foi assim, ó: o escudozinho que aparece aqui no rodapé piscou várias vezes e eu cliquei nele, então, uma telinha apareceu com um texto, que eu não entendi nada, e pediu para eu reinicializar – explicou o UMMERDA1. Eu perguntei se o texto estava em inglês, uma vez que ele disse que não entendeu nada. Ele me responde que não. Ele não entendeu nada, porque não leu o texto. Então pergunto: Ora, querido colega, se você não leu o texto como você sabe que era um vírus? “Ué, mas isso não é um vírus?”, arguiu-me o safadinho, como se fosse fácil se mudar da posição de inquirido para inquiridor. Perguntei novamente : Querido colega, se você não leu o texto como você sabe que era um vírus?

Enfim, mil frases imbecis sairam daquela boquinha, menos uma que respondesse a minha pergunta. O tal “escudozinho” era o ícone do Windows Update. Dali foi procurar o também colega UMMERDA2. Pedi para que o colega me mostrasse a mensagem que tinha o vírus. O colega, mas que rapidamente, já havia deletado a mensagem. Perguntei se acaso ela não estaria na caixa de mensagens excluídas, e a resposta foi negativa. A prudência do colega fez com que ele limpasse aquela caixa. Foi então, que a mesa próxima, o UMMERDA3 avisa que se lembra muito bem do ocorrido. Ele viu o UMMERDA2 tentando abrir aquivos de extensão .DAT que vieram anexados no email e o Windows pedia para que fosse indicado o software que abriria tais arquivos, uma vez que .DAT não estava associado a nenhum programa. Ele então alertou ao UMMERDA2 que .DAT era aquivos de vírus. Eu perguntei como ele sabia dessa preciosa informação, que reviraria a indústria dos anti-virus. Ele disse que um professor tinha dito para ele. UMMERDA3 é ex-aluno do curso de marketing (ou publicidade, não sei bem) de uma faculdade particular de origem carioca que está entre as universidades líderes em número de alunos matriculados, a qual não ouso citar o nome nessa lista de discussão. Ponderei que talvez um professor do curso de marketing não conhecesse os vírus tão profundamente assim para que os alunos tomassem essa informação como regra. Aí ele disse a frase que pareceu coro a que tinha escutado a pouco: “Ué, mas .DAT não é um vírus?”. Julguei que a minha expressão facial bastaria para ele como resposta.

Estive na reunião da Direção novamente, explicando o acontecido. Mas mesmos os réus que são absolvidos, carregam a imagem de culpados para o túmulo. Não sei se a minha calma em explicar tem poder para bater o desespero daqueles que alertaram sob a tal invasão virótica. Usuário bom é o que sabe muito e o que sabe nada. Lembrei de um filme hollywoodiano lançado no fim da minha infância em que um professor de karatê ensina ao seu discípulo (fala a seguir copiado do site http://www.imdb.com):

Miyagi: Now, ready?
Daniel: Yeah, I guess so.
Miyagi: [sighs] Daniel-san, must talk.
[they both kneel]
Miyagi: Walk on road, hm? Walk left side, safe. Walk right side, safe. Walk middle, sooner or later
[makes squish gesture]
Miyagi: get squish just like grape. Here, karate, same thing. Either you karate do “yes” or karate do “no.” You karate do “guess so,”
[makes squish gesture]
Miyagi: just like grape. Understand?
Daniel: Yeah, I understand.
Miyagi: Now, ready?
Daniel: Yeah, I’m ready

Autor: Caco Albuquerque

Ps: Esta história é verídica e foi gentilmente cedida pelo autor para ser exposto aqui no blog.

[tags] TI, informática, the iT Crowd, virus [/tags]


Apaixonado por tecnologia, Cruzeirense e Nerd. Trabalha com TI há mais de 12 anos, porém ficou fascinado com computadores bem mais cedo quando viu o que aparentemente era um 286 rodando um joguinho de corrida via disquete de 5 1/4.

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5 Comentários

  1. Tonobohn

    Agradeço ao papai do céu todos os dias por trabalhar numa empresa com gente que sabe tanto quanto eu de informática. Na empresa que trabalhava antes, os UMMERDA dominavam tudo!

    E como você disse, muito bem por sinal, por mais que arrumasse os problemas e que a culpa não fosse minha, levava a culpa para o túmulo.

    Por isso que ser suporte é uma maldição.

    Abraço

  2. Rafael Arcanjo

    Tonobohn,
    Sorte sua, porém nem todo mundo tem esta sorte. Vou fazer um post comentando este texto ainda esta semana. Eu sei bem o que é, pois trabalhei de suporte um bom tempo e hoje, de uma forma ou de outra, sou suporte ainda.

    Abraços

  3. Thássius

    A Estácio não tem culpa de ter 300 unidades pelo Brasil… Ops, acabei falando demais.

    Quanto a história, eu acredito. Aliás, eu acredito em tudo neste mundo virtual. E no fim das contas eu fiquei na dúvida: houve ataque de vírus ou não?

  4. RaFa

    Tem cada figurão nas empresas que as vezes é difícil segurar..

    O pior de tudo é que ele não leu a mensagem, mas mesmo assim reiniciou o micro

    abraços

  5. Alexandre Fugita

    Essa história deve ser bastante típica em muitas empresas por aí. Agora eu lembrei de um seriado britânico muito engraçado que está passando na Sony, acho. Chama-se IT Crowd. É impagável a cena em que um gravador atende o telefone da TI e diz: “você tem certeza que a tomada não está desligada?”, hehehe!

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