Por Rafael Arcanjo | Em 30.11.08 | Categorias: Tecnologia, Telecom
Já faz tempo que ouvimos falar da tal Internet via energia elétrica, também conhecida como PLC (Powerline Communication) ou BPL (Broadband Powerline). E ela parece cada dia mais próxima de chegar aos lares dos consumidores brasileiros. É o que nos diz a notÃcia que li no G1, “Eletropaulo quer comercializar ‘internet elétrica’ no inÃcio de 2009“.
Começa a sair, por parte da Anatel, a regulamentação para uso de tal tecnologia que visa conectar os consumidores à grande rede, não precisando das prestadoras terem um investimento muito grande com infraestrutura. Com ela, as tomadas que toda casa (ou pelo menos a maioria delas) já tem, serão usadas como ponto de entrada para a internet em alta velocidade. Claro, será necessário um aparelhinho a ser colocado na tomada para prover o acesso.
É fato que, depois da Anatel homologar, depois dos equipamentos estarem todos prontos, depois da casa arrumada e as operadoras com os preços definidos (que eu espero que seja mais barato que os produtos atuais, visto que não terão o imenso gasto com infra que tiveram na época do ADSL, por exemplo), unindo-se o fato crédito fácil para a compra de computadores populares, estaria aà o cenário perfeito para “resolver” o problema da inclusão digital no Brasil ?
Bom, em tese, estaria tudo muito bonito, tudo muito bem. Porém alguns fatores precisam ser analisados.
Em primeiro lugar, é claro, o preço que será aplicado. Hoje, o serviço de banda larga no Brasil ainda é um pouco caro. Certamente está melhorando com o passar do tempo, com as empresas oferecendo cada vez velocidades maiores e sua infraestrutura sempre aumentando. Porém, as classes mais carentes ainda não conseguem bancar o valor de aproximadamente R$ 60,00/mês pela menor velocidade, de 300kbps (valor no interior de MG). E, como todo mundo sabe, quase tudo que é novidade chega com uma gordurinha agregada no preço. É o preço por ser Early Adopter.
Outro ponto: Não necessariamente todos os locais que tem energia elétrica terão esta disponibilidade. Pelo menos, AINDA. Uma rede de repetidores terá que ser criada para que se leve a internet nos locais mais remotos. Grandes distâncias ainda parecem ser um problema para a tecnologia, pelo que eu pesquisei. Vamos ver, no passar do tempo, como vão se comportar os responsáveis por tais redes: se vão dar a atenção necessária para quem quer ter sua conexão banda larga ou vão ser como as odiadas telecoms que já conhecemos bem.
Uma outra questão é: inclusão digital não se resolve apenas fornecendo computadores e conexão barata para os que tem baixa renda. Aproveitando uma frase que existe no verbete Inclusão Digital na WIkipédia e que cabe bem no contexto: “Um incluÃdo digitalmente não é aquele que apenas utiliza essa nova linguagem, que é o mundo digital, para trocar e-mails. Mas aquele que usufrui desse suporte para melhorar as suas condições de vida.”
Neste ponto, conseguimos entender que Inclusão Digital é todo um processo de educação para que o sujeito tenha condição e capacidade de usar aquele poder de um novo mundo que se abre à sua frente para criar oportunidades e condições de ser alguém melhor ou fazer algo útil. Infelizmente não é o que vemos hoje em dia. Simplesmente o que existe no computador de muitos destes que compram os computadores a preços populares (e não é preconceito o que eu digo, são fatos que podem ser comprovados em simples visitas a sites de relacionamento) são simplesmente ORKUT e MSN. Tem também a pesquisa no Google para fazer trabalhos, no “melhor” estilo Control + C, Control + V. A maioria não tem a capacidade de fazer pesquisas e tirar sua próprias conclusões emcima do que acabaram de ler, porque muitos são analfabetos funcionais. Saiba mais sobre Analfabetismo Funcional aqui, aqui e aqui.
Portanto, concluindo este terceiro ponto, inclusão digital é muito mais que computador e internet barato (ou de graça). É ensinar a aprender. É investimento na educação de base, inserindo aos poucos as pessoas com este mundo fabuloso, essencial e traiçoeiro que é o computador, a informática e a grande rede.
Mas, uma coisa é consenso: certamente a Internet via energia elétrica beneficiará, principalmente, os usuários que hoje não tem em suas residências a atenção devida das operadoras de telecom, por conta da dificuldade de se criar toda uma infraestrutura apenas para levar a internet a um local distante, em um ambiente rural, por exemplo.
Só resta saber como as pessoas tirarão proveito disto.
Entendendo a Internet sob Rede Elétrica. Altamente recomendado se você quiser entender tecnicamente o assunto.
Internet via Rede Elétrica é testada em Porto Alegre
Internet via rede elétrica
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{ 30/11/2008 | 18:01 }
Espera-se que o acesso fique mais acessÃvel, com o tempo. Até porque, mesmo que o acesso via rede elétrica não custe 1,99, são mais players entrando para competir com as poderosas telecoms. Isso é bom para o consumidor.
Eu espero que essa tecnologia vá para frente. Até porque, desse modo, poderemos ter redes de contingência mais eficientes. Para quem trabalha com web, ainda é muito difÃcil ter um acesso à internet de reserva.
Com a internet pela rede elétrica, esse problema se resolve quase que instantaneamente: basta plugar o aparelhinho adaptador na tomada.
{ 30/11/2008 | 19:53 }
Eu acredito que o acesso à internet pela rede elétrica poderá ser um grande aliado dos projetos de inclusão digital. Só não podemos encarar como uma solução definitiva, pois há muitos lugares – principalmente em áreas rurais – em que o fornecimento de energia elétrica está longe do ideal.
Por outro lado, essa tecnologia poderá ao menos ser a “salvação” da população mais hulmide que vive nos grandes centros urbanos.
Só espero que a burocrática e os interesses polÃticos não tornem essa tecnologia inviável…
Grande abraço!
{ 01/12/2008 | 12:25 }
… meu grande medo: conseguirão as concessionárias fornecer um serviço de qualidade para TODOS os clientes?
{ 03/12/2008 | 07:30 }
Thas,
Eis o problema. Pelo que eu entendi, no link da reportagem que consta no post, as próprias telecoms serão os players. O que, a princÃpio, não provoca a competição, visto que estas benditas empresas de telefonia não vão querer competir com elas mesmas.
{ 03/12/2008 | 07:32 }
Emerson,
Concordo que não é solução definitiva. Mas espero que seja também de grande ajuda, visto que seria, em tese, uma tecnologia mais barata.
Eu torço muito para que a tecnologia se expanda. Só que o problema não é somente plugar o aparelhinho na tomada, precisa todo um trabalho para que esta chegue nos locais mais remotos, pelo motivo que o sinal só é bom até 4KM, se não me engano. Precisa ser montada toda uma rede de repetidores. Porém, é mais barato que a infra da rede ADSL que já foi criada.
E eu não duvido nada que ela entre e suma rapidinho. Mas espero que não, todo o trabalho de pesquisa e testes que vem sendo feitos desde algum tempo tem que render alguma coisa.
Valeu pela visita
{ 03/12/2008 | 07:32 }
Fala Vaz,
Eis o mistério da fé!
{ 03/12/2008 | 10:32 }
só pra constar: aqui em Iúna, interior do ES, passei dois anos com uma conexão de 64kbps pagando 59,00 reais, conexão esta que só funciona durante a noite, das 18h ás 6h.
hoje, tenho uma conexão de 200kbps, pagando os mesmos 59 por mês.
absurdo? vocês não sabem da história a metade!
o que acontece aqui é a total falta de concorrência. só temos UMA empresa que presta esse tipo de serviço. resultado: roubo!
{ 05/12/2008 | 22:21 }
Ulires, onde moro também só tem uma companhia prestadora de banda larga: a Oi Velox. Eles, claro, praticam os preços que querem, com serviços que estão longe do que gostarÃamos.
{ 17/12/2008 | 09:30 }
Eu ainda aposto na inclusão REAL da rede 3G e WiMax (sendo esse último melhor para o Brasil por causa da sua coberto de longa distância).
{ 17/12/2008 | 12:37 }
Lemp,
aà que tá: será que só a tecnologia dá jeito ? Pode ter o top de linha, se as pessoas apenas usarem para ler orkut e conversar no msn, ainda assim pode ser em vão.
{ 16/04/2009 | 01:20 }
Bom, se for para melhoria de acesso a info,essa seria a mais cabivel,muitos criticam, mas pergunto de uma idéia melhor, mais pratica e comodidavel como essa, apenas as Concessionarias de Energia, invistam mais nas suas rede eletrica, não deixando sucateadas, pois sabemos que ainda vivemos em um paÃs que ainda a energia não é totalmente confiavél, mas já imaginou vc chegar em casa liga na tomada e acessar internet???
A modernidade é uma caixinha de Supressa, e sei que isso vem para melhorar.
{ 28/05/2009 | 23:03 }
espero que seja com preço popular para todos
{ 07/08/2010 | 12:09 }
Com certeza seria sim. Acontece que nossa energia elétrica é tão suja quanto o resto do paÃs. E terÃamos ruÃdos apavorantes que atrapalhariam no envio de dados… ou estou errado?
Também, se o local nao sofrer quebra de fornecimento de energia, OK. Mas, e se houver frequentes quebras de fornecimento ou oscilação na tensao?
O Brasil precisa de uma faxina total para que as coisas funcionem de forma total.
Apagar aquilo que de Gaulle disse: “O Brasil não é um paÃs sério”.
Infelizmente